Quando perguntamos à Mia o que ela mais gostou até agora em Tóquio a resposta é sempre a mesma: “O autocarro do gato!”. A história remonta a Luanda quando, ainda longe de saber que viríamos ao Japão, o Francisco apresentou-lhe uns desenhos animados japoneses chamados O Meu Vizinho Totoro do mestre de animação Myazaki Hayao. As aventuras das irmãs Mei e Tsazuki, do Totoro e do autocarro-gato rapidamente passaram a estar entre as preferidas da Mia, que após terminada a sessão de mais de uma hora de filme pediu: “Podemos ver outra vez?”.
Em tempos senti esse mesmo fascínio por séries como Ana dos Cabelos Ruivos, Dartacão, Willy Fog, Heidi, Tom Sawyer… Em comum têm o facto de serem todas séries de animação realizadas no Japão, com divulgação mundo fora e que acompanharam o crescimento de milhões de crianças e jovens, sendo hoje parte de memórias inapagáveis.
Por isso, enquanto planeávamos a nossa semana em Tóquio, o Museu Ghibli, desenhado por Myazaki, tornou-se ponto obrigatório para uma visita. Os bilhetes são limitados e esgotam tão rapidamente que já só conseguimos ir através de uma agência em Londres e inseridos num grupo que nos conduziu até ao subúrbio de Mitaka.
O museu é pequeno mas parece saído de um conto de fadas, ou melhor, de um conto de animação de Miyazaki e mesmo para quem não está familiarizado com este universo – era o meu caso – valeu a pena.
Ao entrarmos no museu passamos a protagonistas da nossa própria história de animação. A Mia ficou em êxtase com o tal do autocarro do gato, um peluche gigante almofadado onde grupos de no máximo dez crianças podiam brincar à vez. A organização e as regras japonesas são rigorosas e parecem começar logo à nascença: um funcionário explicava às crianças – entre 1 e 6 anos – como deviam agir (descalçar os sapatos, não se pode saltar, não se pode empurrar, não se pode atirar as bolas de brincar para fora do espaço), enquanto uma funcionária cronometrava o tempo que cada grupo podia estar a brincar no autocarro. Findo esse período (uns parcos 15 a 20 minutos) todos saíam sem um pio, calçavam os sapatos e seguiam com os pais.
O autocarro-gato, ponto alto – até agora – da visita da Mia ao Japão
Outros pontos altos do museu foram subir pelo interior de um relógio, assistir a uma curta-metragem de animação numa sala de cinema absolutamente encantadora e entrar num labirinto só permitido a crianças ou “adultos com uma criança dentro deles”. Para os fãs há ainda algumas salas com os desenhos originais que deram origem aos filmes e séries de animação.
O que também nos conquistou aos três foi uma estrutura de plataformas giratórias com figuras tridimensionais da Tsazuki e Totoro a segurar uma corda onde a Mei saltava. Essa plataforma começava a girar e ao atingir a velocidade certa, era iluminada com flashes de luz que mostrava uma Mei a saltar à corda num movimento perfeito e ininterrupto, mostrando às crianças a técnica por trás dos filmes, sem estragar a sua magia.
Uma visita que não vamos esquecer. Os três.
A estrela Totoro, o amigo da Mia, na entrada do museu
O relógio que está no edifício da Nippon TV, em Shiodome, foi desenhado por Hayao Miyazaki
Como ir ao Museu Ghibli:
Apanha-se o comboio para Mitaka – JR Chuo Line e depois o mini-bus directo para o museu ou, em alternativa, caminha-se cerca de 20 minutos ao longo do canal.
Preço: 1000 yenes – adultos; 100-700 yenes – crianças.
Seguimos estas orientações e tentámos comprar o bilhete aqui mas estava esgotado para todos os dias em que estaríamos em Tóquio, por isso fomos numa excursão através dessa mesma agência.